quarta-feira, 16 de março de 2011

Historia dos povos bantos

A Historia do Povo Bantu

A grande maioria dos 11.000.000 habitantes que formam a população de Angola, são de origem Bantu. No entanto, outra considerável parte é formada por misturas que começaram muito cedo: primeiramente. entre os diversos grupos que migraram para o território e depois com Europeus (na grande maioria Portugueses) durante a colonização.

Existem ainda algumas minorias que não são Bantu, como os Bochimane e um considerável número de Europeus. Há 3000 ou talvez 4000 anos atrás, os Bantu sairam da selva equatorial (a região que é hoje ocupada pelos Camarões e pela Nigéria) e dividiram-se em dois movimentos diferentes: para o Sul e para Este criando a maior migração jamais vista na áfrica. De causa desconhecida, esta migração continuou até ao século XIX. A selva equatorial era uma área de passagem impossível. Só o machado ou o cutelo, a rápida e nutritiva produção de banana e o inhame possibilitaram uma façanha que durou séculos. O excelente nível de nutrição deu lugar a uma invulgar explosão demográfica. A exuberância da selva equatorial, os rios e lagos das grandes savanas, tão bons para a agricultura e a descoberta do ferro - um mineral muito comum na áfrica - deram força à grande aventura. Caminhando sempre em direcção ao Sul. estes vigorosos, armados, organizados e jovens povos, venceram e fizeram escravos os indefesos pigmeus e os Bochimane.
O nome Bantu não se refere a uma unidade racial. A sua formação e migração originou uma enorme variedade de cruzamentos. Existem aproximadamente 500 povos Bantu. Assim, não podemos falar de uma raça Bantu, mas sim de povo Bantu, isto significa uma comunidade cultural com uma civilização comum e linguagens similares. Depois de muitos séculos de movimentações, cruzamentos, guerras e doenças, os grupos Bantu mantiveram as raízes da sua origem comum. A palavra Bantu aplica-se a uma civilização que manteve a sua unidade e foi desenvolvida por pessoas de raça negra. O radical ntu, vulgar para a maioria das línguas Bantu, significa homem, ser humano e ba é o plural. Assim, Bantu significa homens, seres humanos. Os dialectos Bantu, e existem centenas, têm uma tal semelhança que só pode ser justificada por uma origem comum. Os povos Bantu, além do semelhante nível linguístico, mantiveram uma base de crenças, rituais e costumes muito similares; uma cultura com características idênticas e específicas que os tornam semelhantes e agrupados.
Fora da sua identidade social, são caracterizados por uma tecnologia variada, uma escultura de grande originalidade estilística, uma incrível sabedoria empírica e um discurso forte e interessante com sinais de expressão intelectual. As línguas faladas hoje em Angola, são por ordem de antiguidade: Bochiman, Bantu e Português. Das três só o Português tem uma forma escrita. Os dialectos Bantu, apresentam uma unidade genealógica. Homburger, um eminente estudioso do Bantu diz que o primeiro ponto obtido no domínio da linguística comparada foi a unidade dos povos Bantu. Também diz, tendo em conta a história desta unidade, que os primeiros descobridores Portugueses viram que os Angolanos conseguiam comunicar com os povos da costa Moçambicana. Os Bantu Angolanos estão divididos em 9 grupos etnolinguísticos: Quicongo, Quimbundo, Luanda-Quioco (Tchôkwe), Mbundo, Ganguela, Nhaneca-Humbe, Ambó, Herero e Xindonga, que por seu turno estão subdivididos em cerca de 100 subgrupos, tradicionalmente chamadas tribos.
História Bantu
Kubokuesa kuna Kimbundu
(Introdução ao Kimbundo)
O Kimbundu e os grupos linguísticos africanos; o grupo Bantu, inserido na família Congo-Cordofaniana
A grande maioria dos linguistas está de acordo em como, no Continente Africano, as línguas se dividem por quatro grandes famílias: a Afroasiática (inclui as línguas Berberes do Norte de África, as Cushitas da Etiópia e da Somália e ainda as semitas, abrangendo o hebreu, o árabe e o aramaico), a Nilo-Sahariana (constituída pelo Sudanês, o Sahariano e o Songhai), a Niger-Congo ou Congo-Cordofaniana (inclui numerosos grupos predominantes para sul do Sahara, de que destacamos os Bantu, para sul do Equador) e Khoisan (línguas dos Pigmeus da floresta tropical do Congo Democrático e línguas faladas “com estalinhos” pelos povos !Kung, vulgarmente conhecidos como Hotentotes, Bosquímanos ou, em Angola, Mucancalas)[1]. O Kimbundu é uma língua do grupo Bantu, pertencendo à família linguística Niger-Congo ou Congo-Cordofaniana. é plural de muntu, radical comum a quase todas as línguas do grupo. Muntu quer dizer indivíduo, pessoa, ser humano, significando, portanto, bantu, indivíduos, pessoas ou seres humanos. Em Kimbundu, a palavra mutu significa pessoa, sendo o seu plural, atu, pessoas, gente. Pelos exemplos acima indicados, podemos desde já concluir que a principal característica das línguas Bantu é o facto da flexão – isto é, a formação do género, feminino ou masculino, e do número, singular ou plural – se fazer por meio de prefixos.
Nações Bantu de Angola; diferenças dialectais nos subgrupos mbundu; o kimbundu de Ambaka
O território de Angola situa-se quase exclusivamente dentro da área de difusão das línguas bantu. São nove as nações bantu de Angola, correspondendo a cada uma delas uma língua diferente:
Nação
Idioma
Bakongo
Kikongo
Mbundu (ou Ambundu)
Kimbundu
Lunda-Tchokwe
Tutchokwe
Ovimbundu
Umbundu
Ganguela
Tchiganguela
Nhaneka-Humbe
Lunhaneka
Herero
Tchiherero
Ovambo
Ambo
Donga
Xindonga
De todas estas nações, só os territórios dos Mbundu, dos Ovimbundu e dos Nhaneka-Humbe se circunscrevem ao espaço angolano. Os das outras são todos atravessados pelas fronteiras políticas delineadas após a Conferência de Berlim de 1885. Os Bakongo, por exemplo, repartem-se pelos estados de Angola, Congo Democrático e Congo Popular, os Lunda-Tchokwe, cujo território é atravessado pelo rio Kassai, dividem-se entre Angola e o Congo Democrático, na província do Katanga (ex-Shaba), os Ganguela entre Angola e a Zâmbia e, finalmente, os Herero, os Ambo e os Donga, entre Angola e a Namíbia.Cada uma destas nações é dividida por diversos subgrupos, a cada um dos quais corresponde uma variante dialectal. A nação Mbundu reparte-se por 11 subgrupos (ou etnias), disseminados pelas províncias de Luanda, Bengo, Malanje, Kuanza Norte e ainda pequenas bolsas no Uíge e no Kuanza Sul. São, portanto, 11 as variantes do Kimbundu, consoante a difusão geográfica dos 11 povos que constituem esta nação: Ngolas, Dembos, Jingas, Bondos, Bângalas, Songos, Ibacos, Luandas, Quibalas, Libolos e Quissamas.O Kimbundu, à semelhança das outras línguas bantu, não tem tradição escrita. Os primeiros a escrevê-la e a estudar-lhe as regras gramaticais foram os missionários capuchinhos e jesuítas de Ambaka. Fizeram-no com o fim de ensinar a língua portuguesa e o catecismo aos africanos. Foram eles que introduziram os princípios ortográficos ainda hoje vigentes.Nos séculos XIX e XX surgem estudiosos do Kimbundu, de onde destacamos Héli Chatelain, Cordeiro da Matta, António de Assis Júnior e Óscar Ribas.
Ortografia e fonologia
O Kimbundu deve sempre grafar-se com escrita sónica. As cinco vogais, a, e, i, o, u, são todas abertas. Antes de outra vogal, ie u funcionam como semi-vogais.mbcomo em mbambi, “gazela”, “frio”nvcomo em nvula, “chuva”nd como em ndandu, “parente”ngcomo em ngiji, “rio”nj como em njila, “pássaro”, “caminho”h como em hima, “macaco”, distinto de ima, “coisas”O m e o n servem para nasalar, daí que tenham surgido, por exemplo, vocábulos como Angola derivado de ngola (rei) ou embondeiro derivado de mbondo (árvore).O h é sempre aspirado, como em henda (graça, misericórdia).O r é sempre brando e pode ser trocado por d ou, menos frequentemente, por l. Por exemplo, kitari ou kitadi (dinheiro), ditadi ou ritari (pedra); kudia ou kuria (comer); kolombolo ou koromboro (galo).O k substitui sempre o q da língua portuguesa, bem como o c antes de a, o e u.O g nunca tem o valor de j, mesmo antes de e ou i. Ndenge (mais novo) e ngindu (trança) lêm-se ndengue e nguindu.O som nh deve, em nosso entender, escrever-se como em português, embora haja quem escreva ni ou ny. Por exemplo, dikanha, dikania ou dikanya (tabaco).Não vemos, de resto, necessidade do emprego do y em Kimbundu, embora certos autores o usem enquanto prefixo para fazer o plural de ki.
Em tal caso sugerimos a grafia i.

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